sábado, 24 de setembro de 2011

Eu te Amo


Ouvi dizer que as críticas ao novo disco do Chico Buarque, intitulado Chico, não eram lá muito famosas.   O disco, editado este ano, veio quebrar o jejum de cinco anos  (que tirada mais déjà lu...) de originais do enorme carioca. Na verdade, nem vi grande coisa quanto a críticas, e confesso que não estou muito curiosa. A minha resposta é-me dada quase a cantarolar, ao som da voz licorosa do Chico, dentre a maciez e a delícia da lírica e das harmonias maravilhosas que nos tomam ao longo de dez faixas rápidas mas com nutrição a jorros. Isto, parte A, para dizer que gosto muito de mais esta aparição.

Como parte B, tenho de explicar que o que para mim representa o melhor da música popular brasileira (passarei a minha vida a fazer odes e sonetos ao género, pelo que outros posts desfilarão por aqui nesta peugada temática), não é apenas a minha música preferida, mas uma das "coisas" que mais amo. Ultrapassa, portanto, a vertente artística, embora a contenha em todos os seus preceitos, eleva-se à dimensão estética e sentimental e, por isso, volta aos meus canais de sensibilidade e de intelecção aportando muitas outras coisas para além de si. Essa emoção e essa imensidão precípite e fundamental  justifica que para mim entes como o Chico Buarque sejam já muito mais do que apenas artistas da canção. Para mim são artífices da pura beleza, e precisaria o Chico de fazer um disco que realmente me desapontasse para que eu lho "cobrasse". Quem atingiu culminares de deslumbramento com obras de arte como Construção, Tatuagem, Atrás da Porta, Eu te Amo, entre muitas, muitas, muitas outras, não pode estar constantemente a produzir apenas picos de exaltação sob pena de implodir! E de fazer-nos implodir. De desapercebermos as particularidades de todos os seus sabores. Hoje em dia, ouço as suas produções, as do Caetano, as do Gil, entre muuuitos outros, e  agradeço-lhes por continuarem a dar-nos tamanha qualidade, beleza e, muitas vezes, supreendente matéria. Recomendações aos críticos: à semelhança do que "exigem" aos fazedores de arte, mantenham a  frescura de perspectiva e a lucidez de apreensão, no contexto de cada criação e de cada criador. E isso, reconheço, é difícil.

Mas não serve a parte B para, por A mais Z, justificar coisa alguma quanto ao Chico do Chico, senão para reafirmar que ele continua o Buarque do nosso deleite, e que não devem perder (mais) esta saborosíssima experiência de resgate.

Como exemplo, aqui fica a canção Se eu soubesse, um dueto com Thaís Gulin. Belo par.

2 comentários:

Esdras disse...

Tanto Chico quanto Caetano (mais este) continuam tão brilhantes ou algumas vezes até mais (vide o último disco do Caetano) que na sua juventude. O tempo faz a saudade dar dimensão religiosa as coisas que amamos.

Tamborim Zim disse...

Brinde a estas infinitas delícias!