quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Carta aos campos


A Ribeira - Foto de Zim

Verde são os campos, da cor... cof, cof, não é isto.

Desta Lisboa fria e agora sempre molhada, escrevo-vos vales, escrevo-vos flores, sóis, luas à solta, cheiros do mato, copas que escondem e dançam segredos sem cansaço nem última revelação, em todo o ofuscante e demiúrgico esplendor da Natureza.

Escrevo ao rastro dos pássaros, ao perfume do ocaso, ao apocalipse do meu coração que ali e assim bate, em  paz comovida, de pão, de trigo.

Tenho saudades de passear muito livre pelos verdes, almejando azuis, a subir a cumes, a errar sem pressa. Mas bom é saber que está tudo lá, que temos onde voltar. E que num instante cada sombra e cada detalhe se reconstituem com a precisão do botão de rosa a crescer, túrgido, ou com a eternidade do cantar dos grilos -  mesmo aqui no peito dentro da nossa carcaça citadina embrulhada em roupa e saudade.

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