sexta-feira, 13 de abril de 2012

O anjinho

- Inho, chamo-me Anjinho.

Noutro dia, uma genuinamente querida colega disse para outra, sobre mim (generosamente): "Esta menina é um anjo!" Imediatamente ri e evidenciei uma cómica expressão antagónica ao mimoso adjetivo. A segunda colega, divertida, lá rematou: "Um anjo mau", ou "do mal", não me recordo com exatidão. Rimos, é claro.

Hoje ao ver umas fotos lembrei-me desse momento, e a esta menção não resisto a ilustrar com a insigne foto supra.

Por outro lado, vem-me à cabeça quantas coisas antagónicas ouvi a respeito de algumas características que as pessoas acreditam ver em mim: "menina de esquerda", "mulher de direita", "convencida", "modesta", "complexa", "leve", "poço de mimo", "sensata", "egocêntrica", "altruísta", "mau génio", "doce", "arrogante", "nobre", "ingénua", "de olhão", and so on, and so on. Houve momentos, na minha existência, em que realmente almejei um sentido mais efetivo de unidade identitária. Com o tempo, fui valorizando a diferença enriquecedora dos matizes e a densidade do que nos compõe em harmonias díspares, dissonantes até, e em direções não lineares. No fundamento, feliz por haver duas ou três caraterísticas que consensualmente me são reconhecidas, sendo a que mais prezo a honestidade.

Não anjo, não demo, não estafermo, não santidade, não indefetível, não irremissível.

Profundamente empática com o desabafo pessoano via Bernardo Soares: "Sou uma placa fotográfica prolixamente impressionável." Intra-idealista, pró-romântica, pós-futurista e demandante. Intra-exigente. Às vezes intransigente, especialmente com o intolerável.

Definitivamente, um anjinho. Barroco, até à dieta.

4 comentários:

Pagu disse...

Pois eu poderia acrescentar aqui um milhão de adjectivos mas agora não tenho tempo. Só para levantar um pouco o véu, digo que iriam de chata a incrível.

A foto está de facto um miminho. Devias estar num dioa de "anjinho".....rsrsrs

andreia rocha disse...

Parece estar no sangue luso esta coisa de ir adjectivando, logo desenhando limites, à personalidade alheia. Nas mulheres, então, nem se fala! Os nórdicos, simplesmente, abominariam e criticariam qualquer comentário à sua pessoa por dá cá aquela palha. Talvez seja por isso que os latinos parecem sofrer mais agudamente da dita "pressão social" Esta vaga de comentários, esgares, olhares e sorrisos amarelos que aparecem, com igual libertinagem, seja do companheiro seja do estranho que se encontra atrás na fila do supermercado. Há uma espécie de ingenuidade ligeiramente hipócrita destes que tecem considerações tentando situar os outros nas coisas do Bem ou do Mal. Anjos ou Demónios ou a luta interior suscitada no indivíduo pelo seguidismo da igreja apostólica romana(?!).

Mas tu, meu Anjo, serás sempre um espírito perigosamente livre e belo.

Tamborim Zim disse...

Ai Pagu, ai Pagu, e como sabeis estava pois...Sendo Vós a ilustre fotógrafa, como n?rsrsrrsrs Grata. Mas acabar em incrível parece-me injusto, peca por defeitito n?kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Tamborim Zim disse...

Andreia, sem palavras p as tuas. Tão feliz por estares no meu universo, e tão orgulhosa de seres Maravilhosa e deslumbrante. Grata mil e abracinhos.