domingo, 15 de julho de 2012

Dominguinha

- Para o campo, por favor!

Domingácio, bocados de azul pelos estores ainda fechados para os olhos não se abrirem de súbito e demais. Aquela sensação, todas as semanas, de fim de férias. Não é fácil ser um trabalhador a tempo inteiro.

Domingácio, os carros vão barulhando na rua e os aviões parece que cruzam o bairro num longo bocejo, como quem diz: "Deixem-se estar, é muuuuito cedo."

Penso no campo, na fonte que corre, na fonte que está seca, nos caminhos, nas estradas de terra, tenho saudades. Não ser daqui mas aqui estar por se ter nascido e vivido (aqui) traz inconvenientes pouco salutares, camaradinhas.

Penso em desgarradas, em comunidades, em revoluções silentes, em veredas ignotas e em gavetas com teias de aranha e chaves velhas.

Domingácio, tempo para a preguiça, para a saudade, para soltar a insatisfação. E nadar, passear, viajar pela cama.

Chatice ou a antecâmara poética.

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