quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"Moço bonito" *

Cazuza
Por que que a gente é assim
E de repente lembrei-me de uma frase - lembro-me recorrentemente - , que me atirou para um poema do Carlos Drummond de Andrade. Nada ou tudo a ver. A frase é "Prefiro toddy ao tédio", que vi há muitos, muitos anos, estampada numa t-shirt do Cazuza numa fotografia. Temos por aqui uma biografia sobre ele, penso que escrita pela sua mãe. A minha irmã gostou muitíssimo e disse-me que tenho de ler. À parte eu andar a ler pouquíssimo na última década (talvez agora a arrebitar um pouco), acho que no fundo atraso essa leitura. Sei que vou sofrer com ela, como sou feliz e sofro com a sua música, com a sua inquietude que é imortal. Porque, diletos, toda a gente com um mínimo de sensibilidade tem de identificar-se com muitos momentos a ferro e fogo do Poeta, da perdição à euforia, da luz ofuscante ao breu. E porque no fundo de mim tenho saudades da sua existência, e da respiração ofegante do Tom Jobim ao piano, e parece-me irracional, anti-natural, que não existam e continuem a criar incessantemente, abundantemente, insanamente. Obviamente que isso faz sangrar alguma coisa, e não pode ser de outro modo. Soube hoje que a frase do tédio é de Ledusha Spinardi.  
O poema do Drummond é o
  * Qualquer evocação da Gabriela é pura coinzzzzidência.

3 comentários:

Pagu disse...

Amei o post. Cazuza, um dos maiores poetas na lingua açucarada de Camões.

Difícil, sensível, cruel, meigo, anjo, Diabo, voraz, criativo, um luxo. Tudo isso foi e será sempre Cazuza.

O poema é lindo, já conecia, obrigada por me teres lembrado dele.

E essa lua, esse conhaque, botam a gente comovido como o Diabo. Ou como Cazuza.

Tamborim Zim disse...

Oh, grata mil Amada. Comentário sublime o teu maninha.

Pagu disse...

Pouca bichice pá.