terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Diva está entre Vós

 
Matem o estilo da botilde sem marca do Jumbo. Este blog é do glamour, carago!
 
 
Meus repenicados, cristalinos, algodónicos, tenazes, resilientes e encantadores leitores, quantos perdões precisareis que implore por esta ausência marota e tanta? Mil, muitos mil! Aqui estão, com uma vénia sincera aos meus seguidores e leitores inefáveis.
 
Não fiz de propósito, mas há precisamente  um mês que aqui não escrevo. Não vos iludais, porém! A Alegoria não acabou, pelo contrário. Espero que de hoje em diante a possa regar com maior regularidade, mas também sabem que gosto de manter o número de compromissos no mínimo possível!
 
Há tanto a dizer, a comentar, a bitaitar, que é difícil recuperar em algumas linhas todo um mês. Mas tentemos.
 
A notícia mais relevante, a da morte do grande homem Nelson Mandela. Madiba, que tamanho de exemplo, que budismo sem budismo, que religião sem liturgia, que bondade e paz inspiraste. A recordar e a vicejar sempre no jardim da nossa humanidade. África do Sul, prossegue o teu destino e usa as tuas maravilhas.  Não deve ser fácil ter uma besta vil como o Zuma no poder, assim que possam livrem-se dele, olhem o exemplo maior!
 
Os meus Pais queridos, sublimes, maiores, fizeram 50 anos de casados, Meio século, garanto que é  sério. No meio de tudo, álbum de fotos e recordações várias, ainda obsequiaram os filhos com presentes lindos. Gratidão e amor.
 
Este ano laboral foi o mais diferente de todos da minha vida. Muitas viagens pela Europa, uma iniciativa apaixonante e que me apaixonou, com conteúdos em que amei ter trabalhado, mas agora é hora de mudar. Foi com um paradoxo de tristeza e de alegria que passei a pasta voluntariamente. A reciclagem ajuda a manter a frescura, mas não esquecerei a intensidade, os destinos, as ideias e pessoas com que me cruzei.
 
Acabei de ler A Descoberta do Mundo, umas crónicas da Clarice Lispector. De pormenores prosaicos da domesticidade às grandes questões da vida, da solidão que vara as noites a episódios graciosos e divertidos, Clarice simplesmente deslumbra (como sempre, é impossível ser diferente) nestas quase 700 páginas. É uma introdução maravilhosa a esta escritora, a melhor que conheço, para quem ainda não teve o prazer. Brindem-se com este presente inesquecível para o Ano Novo!
 
Como sabem, o meu coração anseia, como numa procura desenfreada pela ancestral natureza, por recolher ao campo sempre que possível. Este, e pela primeira vez na vida, estou a passar as férias de fim de ano na amada terra do meu Pai, no coração central, verde e viçoso, com montanha, com aventura, com mistério, deste nosso País tão bonito. Quanto mais se viajar, mais se pode concluir que temos um País para lá de cativante, diversificado e tão, tão bonito. Campo maravilhoso, extenso, doce, agreste, areal, mar. Cidades encantadoras, gentes amigáveis. (Hoje estou só pelo lado positivo e amável pois tinha saudades de falar convosco.)
 
A minha primeira leitura de férias foi o primeiro livro que li do Valter Hugo Mãe, A Desumanização. Um portento de sensibilidade e imagética, um desfilar de palavras, sentimentos e pensamentos que pertencem a uma grande autoria e a um grande escritor. Que prazer tê-lo conhecido e ter ganho, desse novo, um novo amigo literário!
 
Neste momento releio, 16,5 anos depois, A Capital, do incomparável e inigualável Eça. Amo lê-lo aqui no campo, amo ter o mesmo, ou ainda maior prazer ao lê-lo agora. Ou não sei, prazeres diferentes. Com 21 anos eu não sou bem o eu de agora, com 37. Assim é, e assim continuará a diferença a ser.
 
À medida que vos escrevi, lá foram a árvores empenham-se em danças loucas, danças de ventanias agrestes, de chuvas insistentes e de gritantes solidões. Amenizar-se-ão depois, para dias bons, em que sob o céu azul fiquem encantadoras e secas, sorridentes  lavadas. Assim seja, que quero ir lá para fora passear!
 
Beijinhos, abraços, umas excelentes férias, umas excelentes pausas, risadas, e uns acutilantes balanços e formulações de exaltantes desejos.

Sem comentários: