quarta-feira, 21 de março de 2012

National Footgraphic

- Zim, põe-te a pau!

Tenho andado aqui com uma dúvida teimosa a assaltar-me o espírito. Relaciona-se a questãozinha com o jogo entre o Benfica e o (meu amado) Porto para a Taça da Liga. Certo, o Porto perdeu, o Benfica ganhou. Parabéns aos vencedores. Mas, jóias preciosas de leitores, queiram ilustrar a minha limitada inteleção acerca do seguinte enigma: não é natural que se exprima contentamento, sadia histeria, que seja, quando o nosso clube ganha? Como bem sabemos, o contentamento supõe sorrisos, exclamações retumbantes e prazenteiras, danças exóticas, da chuva, cânticos fervorosos. O que não supõe, certamente, essa desejável disposição de espírito que é a da alegria, é a imperativa necessidade de ofender, escoucinhar, urrar agressivamente contra o adversário vencido, erguer-lhe dedos e mimá-lo com palavrões, desejar-lhe a tortura eterna em infernos para lá de dantescos, em suma, pedir-lhe o couro. É essa precisão ancestral do gesto, na ausência de um pensamento estruturado que permita emitir um discurso válido, assente em vocábulos claramente emitidos em substituição de grunhidos e berros monstrengos. É do corpo, digamos que sai dos nervos o gesto, o manguito, a alarvidade assim corporizada e impante.

Ora parece que foi esta conduta perfeitamente paleozóica e ululante que alguns adeptos benfiquistas de "inteligência emocional" mais subterrânea revelaram no final do encontro. O que nos leva a pensar se o maior prazer da vitória futebolística, para alguns seres mais para Faber que para Sapiens Sapiens, é o do espezinhamento, do achincalhamento, da desfaçatez às mães dos jogadores que confrontaram a sua equipa, e a toda a família dos adeptos da equipa contrária. Para tristezas destas, caríssimos, não há paciência nem justificações possíveis. Seja em que clube for, estas anormalidades tinham de ser banidas, com recomendações gentis de auto-flagelação (contida, embora).

Arreda!

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